Hey
all!
Tenho a dizer-vos que estou a adorar escrever estes posts. Dão uma trabalheira
que nunca mais acaba, mas é um
prazer enorme. Não só porque escrever é das coisas que mais gosto de fazer
na vida, mas também porque me
permitem reviver um pouco daquilo que foi a minha época de jornalista. As horas
de pesquisa, muita leitura, a ânsia por conhecer todos os factos que podem
interessar ao leitor, fazer a triagem do que é importante e acessório e depois
transformar tudo num texto atractivo. Se desfrutarem pelo menos metade
daquilo que eu desfruto a fazer estes posts, para mim já valeu a pena! :)
Também comentar-vos que já tenho uma lista bastante extensa de mulheres das quais falarei aqui no
blogue, no entanto, se quiserem sugerir alguma que gostariam de ver aqui retratada,
escrevam-me nos comentários, e incluirei nesta lista, caso ainda não esteja.
Mas vamos lá à nossa fashion icon de hoje, porque há muito para conhecer!
JACKIE KENNEDY ONASSIS (1929 -1994)
Nasceu como Jacqueline Bouvier, tornou-se
mundialmente conhecida como Jacqueline
Kennedy e terminou como Jacqueline Kennedy Onassis. São
nomes sonantes. Tão sonantes, que todos conhecemos. Mas ao esmiuçar a
história que há por detrás de cada um deles, estes nomes passam a ser isso
mesmo: apenas nomes. Porque nessa história, há uma mulher apaixonada pela
fotografia e pela arte, há a primeira-dama mais jovem dos Estados Unidos que
veio dar jovialidade e glamour a uma Casa Branca envelhecida. Há a
viúva mais querida e chorada do mundo, há uma mulher que marcada pela tragédia
viria a deixar para trás o país que a viu nascer para se tornar esposa de um
multimilionário grego, poderoso e mulherengo. Há o ícone de estilo mais
importante de todos os tempos.
Afinal são histórias, não
uma história, e todas pertencem à mesma Jackie!
Mas vamos por partes.
Uma menina de boas famílias
Jacqueline Lee Bouvier era oriunda de uma família da alta sociedade nova iorquina. Teve uma infância feliz, já marcada pelo estilo, segundo ela própria por influência da mãe, que desde cedo incutiu às filhas todas as noções de etiqueta e boas maneiras.
Culta e inteligente, estudou na tradicional escola Vassar e na Sorbonne, em França, formando-se em artes pela Universidade George Washington. Mas foi o amor à fotografia que lhe permitiu conseguir trabalho no jornal The Washington Times-Herald e ter a oportunidade de conhecer vários políticos, entre eles John F. Kennedy.
O primeiro casamento
Estava comprometida com um corretor de bolsa, mas deixou-o quando conheceu o então senador John F. Kennedy (JFK), com quem viria a casar-se a 12 de Setembro de 1953. O casamento celebrou-se na igreja de St. Mary em Newport, Rhode Island, com 700 convidados na cerimónia e 1200 na recepção posterior. O vestido de noiva foi desenhado por Ann Lowe, a primeira estilista afro-americana a tornar-se mundialmente famosa. Diz-se que foram precisos mais de 50 kg de seda de cor marfim para fazer o vestido, que agora se encontra na Biblioteca e Museu Presidencial de John F. Kennedy em Boston, Massachusetts.
Primeira-dama dos Estados Unidos
Em 1960, JFK foi eleito o 35º presidente dos EUA,
tornando Jackie na primeira-dama mais jovem daquele
país, tinha apenas 31 anos. Juntos,
protagonizaram um dos casais mais poderosos da história da política e
transformaram por completo o conceito de vida na Casa Branca. Ao contrário de
anteriores casais presidencias, Kennedy e Jackie eram amantes da arte, da
música e da cultura, sendo frequente rodearem-se de artistas em eventos e
festas que organizavam.
Quanto à primeira-dama, durante os quase três anos que esteve na
Casa Branca, viria a influenciar de uma forma marcante o estilo de vida
americano, abrindo um novo capítulo na história dos EUA, não só pelo seu
carisma, educação e estilo, mas pela sua forma de vida. Uma das suas acções
mais famosas e que traduzia o seu amor pela arte, foi a remodelação da Casa
Branca com fundos particulares, obtidos através da fundação que criou, a White
House Historical Association. O resultado desta acção chegou
inclusivamente a ser mostrado num programa de televisão, com uma visita guiada
pela então primeira-dama.
Já teria dito o sogro, Joe
Kennedy, anos antes, quando foram apresentados, que "provavelmente
Jackie tenha mais classe que qualquer outra rapariga que tenhamos visto por
aqui".
Uma
jornalista inglesa, por alturas do funeral de Kennedy, escrevia:
"Jacqueline deu aos americanos algo que eles nunca tiveram -
majestade"
Nem tudo foram rosas neste casamento e as infidelidades do presidente eram do conhecimento público. Uma relação que culminou com um acontecimento trágico. A 22 de
Novembro de 1963, a vida de Jackie Kennedy mudaria para sempre. Enquanto desfilava por Dallas, no Texas, o presidente Kennedy foi
assassinado com um tiro na cabeça. Jackie, que ia ao lado do marido, presenciou
tudo, recusando-se a abandonar o local e a tirar o vestido manchado de
sangue. Os dias traumáticos que se seguiram, não impediram a primeira-dama de
organizar a cerimónia fúnebre, ganhando a admiração mundial pela sua coragem e
integridade.
No funeral, vestida de Valentino, Jackie fez-se acompanhar pelos dois filhos
que tinha com JFK, Caroline e John (teve mais dois, um nasceu morto e
outro faleceu poucos dias depois de nascer). Actualmente só Caroline Bouvier Kennedy é viva, já que o irmão, John F. Kennedy Jr, faleceu em
1999 na sequência de um acidente aéreo, dando continuidade ao que ainda hoje se
conhece como a "Maldição Kennedy".
Com os dois filhos, já adultos.
A era Onassis
Depois da morte do
presidente dos EUA, Jacqueline isolou-se da vida pública, passando de
primeira-dama a "Viúva da América". Cinco anos depois, em 1968,
a notícia do casamento com o magnata grego
Aristóteles Onassis, chocaria o mundo. Muitos acreditavam que se tratava
de um ato desesperado de Jackie para fugir do clã dos Kennedy, especialmente
depois da morte de cunhado, Bobby.
Na festa de casamento, realizada
na ilha privada de Skorpios, a agora Jackie Onassis vestiu novamente
Valentino.
Sempre se soube que esta não foi uma relação
pautada pelo amor, mas sim pela conveniência, pelas infidelidades do magnata
(entre as várias amantes estavam Maria Callas, com quem já tinha namorado) e pelos
desentendimentos entre Jackie e os enteados. A antiga primeira-dama passava a
maior parte do tempo a viajar com os filhos e afogar as suas mágoas gastando
grandes quantidades de dinheiro em extravagâncias. No entanto, e apesar de o
divórcio já estar em curso, o casamento durou até à morte do milionário grego, em
1975, deixando uma Jackie 26 milhões de dólares mais rica e em pé de guerra com
a enteada, Christina Onassis. Jackie acabaria por ceder a fortuna à enteada.
Depois da morte do segundo marido, viveu uma
vida mais normal e recatada, como editora de livros nos EUA e manteve, até
morrer, uma relação com o industrial belga Maurice Tempelsman (nunca se casaram porque a mulher de Maurice recusava-se a assinar o divórcio).
"Dress like Jackie"
Jackie Kennedy foi um dos maiores ícones da
moda, não só do século XX, mas de toda a história. Enquanto primeira-dama, os
seus looks converteram-se quase numa questão de Estado e ocuparam capas de
todo o tipo de revistas. Com o seu estilo formal e ao mesmo tempo cheio de
jovialidade, Jackie inspirou artistas e designers em todo o mundo, um mundo onde perdura até hoje a famosa frase "Dress like Jackie".
Tinha um fascínio pelas grandes maisons
francesas - entre as suas favoritas estavam Chanel, Dior, Givenchy e Balenciaga -, o
que lhe valeu várias críticas durante a etapa Kennedy. Críticas que a levaram a
optar pelo estilista das estrelas residente nos Estados Unidos, Oleg Cassini, responsável por desenhar mais
de 300 conjuntos para a então primeira-dama. Mas era evidente e inegável que o
seu estilo era mais europeu do que americano.
Anos 60
Na época de primeira-dama, apostava principalmente por tons pastel, em peças simples e
austeras, cortes rectos e minimalistas. Como acessórios, os seus favoritos eram
os lenços, colares de pérolas e os chapéus pillbox.
Jackie celebrizou o chapéu pillbox.
Casacos de meia manga, com decote quadradado e a apertar com dois botões, muito anos 60.
A elegância das cores pastel em actos formais. Decotes cai-cai e em barco. Luvas brancas até ao cotovelo. Indubitavelmente, imagens de marca de Jackie Kennedy.
Usava poucas jóias, mas nunca prescindia dos colares de pérolas, os seus favoritos.
Lenços na cabeça.
Fatos em tweed, que juntamente com os colares em pérolas eram uma herança do estilo Coco Chanel.
Anos 70
Na era Onassis, não é só o "K" do apelido que é substituído pelo "O". Nota-se, também, uma clara evolução no seu estilo pessoal, embora se mantenha clássico e chique. Já livre dos protocolos que uma primeira-dama tem de seguir, Jackie Onassis torna-se mais livre na hora de vestir. Abre o armário à sofisticação de Saint Laurent, Gucci e Valentino, traduzida em óculos de sol oversized, looks em black&white, t-shirts de listras, estampados geométricos, gabardinas, sapatos rasos e calças brancas.
Os óculos redondos oversized ficam para história como a sua peça mais icónica e ainda hoje são conhecidos como óculos de sol "a la Jackie".
O black&white, uma tendência que se tornou um clássico e que continua a ser reinventada.
A paixão pelos lenços na cabeça continuou, mas em looks mais descontraídos.
O estilo navy.
Pantalonas com malhas oversized e maxi-colares.
Cintos a marcar a cintura em vestidos mais elegantes ou com a descontracção de um estampado.
Estampados, tão em voga nos anos 70.
As gabardinas, sempre em tons claros e linhas depuradas.
Jackie usava sempre um relógio Cartier, modelo Tank.
Como todas as grandes divas, a ex primeira-dama também tinha uma mala de griffe baptizada com o seu nome. É o modelo Jackie da Gucci, que continuou a ser reinventado em vários materiais e cores.
Os filmes
Poder-se-ia dizer que a sua vida deu um filme, mas não seria correcto. Na realidade deu vários, e não só filmes, mas também séries, mini-séries e documentais.
Entre as actrizes que encarnaram Jacqueline Kennedy no pequeno e grande ecrã, estão Jaclyn Smith (Jacqueline Bouvier Kennedy, 1981), Sarah Michelle Gellar e Roma Downey (A Woman Named Jackie, 1991), Stephanie Romanov (Thirteen Days, 2000) Joanne Whalley (Jackie Bouvier Kennedy Onassis, 2000), Jacqueline Bisset (America's Prince: The John F. Kennedy Jr. Story, 2003), Katie Holmes (The Kennedys, 2011) e Ginnifer Goodwin (Killing Kennedy, 2013). Em Maio foi anunciado que Natalie Portman será a próxima Jacqueline Kennedy, no filme Jackie, cujas gravações deverão começar no final do ano. O argumento relata os quatro dias depois da morte de JFK.
Jaclyn Smith, a primeira actriz a dar vida a Jackie.
Katie Holmes, na série de televisão "The Kennedys", em 2011.
Algumas curiosidades
- Como todas as grandes divas, tinha o seu lado escuro. Em 1957, esteve internada uma semana num hospital psiquiárico e, de volta a casa, diz-se que considerou a possibilidade de suicidar-se.
- Conta o
livro These Few Precious Days: The Final Year of Jack with Jackie,
de Christopher Andersen, que Jackie conhecia os detalhes das relações
extra-conjugais de JFK, embora fingisse que não. A única mulher que a
preocupava era Marilyn Monroe (toda a gente conhece o célebre "Happy
Birthday Mr. President").
- O livro Jackie after Jack, de Christopher Andersen, refere que Jackie também
tinha amantes, entre eles Frank Sinatra, Marlon Brando, William
Holden, Warren Beatty, Bobby Kennedy, e um
ex-secretário da defesa do goberno de Kennedy.
- Durante
14 anos correspondeu-se com um sacerdote irlandês. Nessas cartas, leiloadas em
2014, falava principalmente do marido falecido, das suas ambições políticas,
dos casos com outras mulheres e do seu assassínio.
- O famoso fato de saia e
casaco cor-de-rosa que Jackie usava no dia do
assassínio de John F. Kennedy é propriedade do Arquivo
Nacional dos Estados Unidos. A roupa, ainda salpicada com o sangue do marido,
conserva-se numa câmera blindada. Muito então se falou do estilista que teria
assinado o fato. A própria cor só se tornou do conhecimnto público quando a
televisão deixou de ser a preto e branco. Inicialmente, acreditava-se que
era da Chanel, mas Karl Lagerfeld viria a negar,
afirmando que possivelmente se tratava de um modelo copiado pela Chez Ninon,
uma loja da Park Avenue que confeccionava peças por
encomenda com tecidos de casas como Chanel ou Givenchy. Jackie
Kennedy teria acudido a esta loja devido às críticas que recebia
pelas fortunas que gastava em moda francesa. Viria a confirmar-se que o fato
era uma cópia da Chanel da temporada Outono/Inverno de
1961/1962, com uma etiqueta de dupla nacionalidade, na qual se lê: Paris e Nova
Iorque.
- Jacqueline era fã do mundo
equestre e, curiosamente, detestava que a tratassem por "Firts Lady"
porque lhe lembrava um nome de cavalo.
- A mulher do presidente
número 35 dos Estados Unidos foi apelidada por Frank Sinatra como America's
Queen (Rainha da América).
- Era considerada um ícone
de estilo mas consta-se que tinha muitas inseguranças e complexos com o corpo:
achava que tinha ombros largos, peitos pequenos e pés e mãos grandes.
Jackie Kennedy Onassis
morreu em 1994, aos 64 anos, vítima de cancro, no seu apartamento da Quinta
Avenida, em Nova Iorque. Está enterrada junto ao primeiro marido,
o presidente Kennedy. Completaria 86 anos no dia 28 de Julho.
Segundo uma
pesquisa promovida pelo Instituto Gallup em 1999, Jackie entrou para a lista de
pessoas mais admiradas do século 20.
E poderia ser de outra forma?
