02/03/2016

Série | Downton Abbey


Downton Abbey. Quem é que nunca ouviu falar desta série? Muito poucos, acredito. É a série inglesa que mais deu que falar nas últimas décadas e das mais premiadas (Globos de Ouro e prémios BAFTA). Estreou em 2010 e a sexta e última temporada foi para o ar a 25 de Dezembro de 2015, deixando órfãos milhares de fãs incondicionais (como eu)!   

Antes de mais, uma garantia: poucas séries amarram tanto e tão rápido como esta. Vi as seis seasons em menos de um mês, capítulo atrás de capítulo, com uma voracidade atípica em mim. É uma série apaixonante que cimentou, ainda mais, o meu interesse pelas histórias/dramas de época, principalmente produções inglesas, que não ficam nada, mas nada atrás das americanas.


A História

Quando tudo começa com o maior desastre do século XX - o naufrágio do Titanic -, só pode ser bom sinal. No acidente, morre o primo e herdeiro do Lord Grantham, dono da grande propriedade Downton Abbey, situada em Yorkshire, Inglaterra. Como o Conde tem apenas filhas, a lei de então não permite que sejam elas as herdeiras dos bens e títulos da família, mas sim o barão mais directo, o que coloca em jogo a sucessão.

À parte do problema da herança, Downton Abbey reflecte a vida desta importante família aristocrática inglesa e dos seus serventes, numa contextualização histórica fantástica, com abordagens de acontecimentos importantes da época, vividos activamente pelos personagens: os conflitos políticos e sociais, a Primeira Guerra Mundial, a Pandemia da Gripe Espanhola, o florescer da era tecnológica.

Dizem os críticos que se fosse possível transportar-nos, por instantes, para a Inglaterra de 1900, seria exactamente o panorama da série que veríamos, dada a exactidão com que foi tratado cada pormenor.


O 'UPSTAIRS'


Na parte "privilegiada" da casa, vivem os senhores, entre salas e bibliotecas imensas, jantares e bailes de luxo. Todos os dias, esperam pelo tocar do gongo para, com a ajuda dos seus criados pessoais, vestirem os seus melhores trajes e sentarem-se à mesa "de maneira apropriada".
No início da série (sim, porque vão entrando e saindo personagens), vivem na mansão Robert Crawley - Conde de Grantham -, a Condessa Cora Crawley - a mulher do Conde, uma americana milionária - e as três filhas, Mary, Edith e Sybill.


O 'DOWNSTAIRS'


No chamado "Downstairs", vive o grupo de criados e serventes, encabeçado pelo mordono Mr. Carson e pela Miss Hughes. São tratados como (quase) membros da família, mas vivem as suas vidas à parte, num andar de baixo que é outro mundo. Ali, comentam sobre o que se passa nos andares de cima, vivem as alegrias e infortúnios da família como se fossem os seus, aspiram a sonhos em silêncio. São a presença invisível que se encarrega de passar a ferro os jornais ou de vestir as damas. Estes personagens sabem tudo sobre os patrões, mas os patrões pouco, ou quase nada, sabem sobre eles. 



OS PERSONAGENS 


Eu diria que a jóia da família - e da série - é a Condessa viúva Lady Violet, interpretada pela grande Maggie Smith. Encarna na perfeição a aristocracia inglesa do século passado, crítica, snob e avessa às mudanças. Esta personagem faz-nos rir mal entra no ecrã, porque já sabemos que a sua intervenção vai ser épica, com um humor ácido, típico de quem acha que pode dizer tudo aquilo que pensa. Impossível não adorar!


Mas não é apenas Maggie Smith que dá um show de interpretação. Não sei o que têm os ingleses, mas é ouvirem apenas a palavra "ACÇÃO" e parece que estiveram a interpretar Shakespeare toda a vida. Já para não falar do "british english" daquela época, que é absolutamente delicioso! Não há um actor que não brilhe e numa série com tantos personagens, é de aplaudir!

O perfil de cada personagem está tão bem desenhado - graças ao trabalho brilhante do autor, Julian Fellowes - que quando vemos Thomas pela primeira vez, sabemos que é intragável, que Sybill é uma alma generosa e inquieta, que Branson nos vai apaixonar, que Bates é um sobrevivente. Sabemos imediatamente o que move cada um, o que sentem, o que desejam. E nem os bons são tão bons, nem os maus tão maus.

Thomas Barrow, o primeiro lacaio, outro personagem apaixonante, e dos mais complexos. De carácter duvidoso, vive reprimido pela sua orientação sexual - é gay -, na altura considerada "doença" e com direito a prisão.


A CASA


A casa, de nome fictício Downton Abbey, onde se passa a maior parte da série, não é obra de um decorador famoso, muito menos um cenário. Trata-se do Castelo de Highclere, situado em Hampshire. Quase todos os elementos do interior são reais, mobiliário e construção, o que é de facto impressionante quando estamos a falar de uma obra de ficção.

No entanto, e no sentido de recriar ao máximo aquela época, algumas peças foram introduzidas nos cenários de gravação, como molduras, loiças, cristais e candeeiros. A iluminação das salas e bibliotecas foi também alterada, como forma de demonstrar a transição do gás para a electricidade, que estava a acontecer na altura. Dizem, também, que dado o valor dos objectos originais da casa, os proprietários não permitiam que tocassem neles sem autorização. Pudera! 

Apenas as áreas de serviço e dos quartos foram gravadas em cenários construídos nos Ealing Studios, em West London.




O VESTUÁRIO


Se vos disser que 38% do orçamento da série foi destinado ao guarda-roupa, vocês vão achar um absurdo. Mas é verdade! E um "mal" necessário, já que a recriação dos looks de época foi feita de uma maneira tremendamente fiel ao usado naquela época, os famosos anos 20.

À medida que a série avança - começa em 1912 e termina em 1926 - o vestuário acompanha naturalmente este passar de anos, como reflexo da emancipação da mulher e do período pós guerra. A mulher deixa os espartilhos e passa a usar looks mais simples e práticos, saias acima dos tornozelos e cabelos curtos.

Lady Mary é o personagem que mais acompanha a evolução da moda. É a primeira a cortar o cabelo, e é vê-la num episódio a assistir a um desfile (as fashion weeks da época!!!)

As irmãs Crawley nas primeiras temporadas, ainda com looks mais naif e cabelos apanhados.


São, indiscutivelmente as quatro mulheres da família a principal referência nesta época de mudanças. Usam e abusam de vestidos de linhas mais rectas, chapéus, pérolas e luvas até ao cotovelo. Tudo num registo super chique e sofisticado.

Nas últimas temporadas, os looks de Lady Edith traduzem uma mulher emancipada, trabalhadora e cosmopolita. 


O vestido mais caro da série foi o do casamento de Lady Mary. Desde então, muitas noivas, designers e editoriais de moda se inspiraram neste modelo com cintura descaída estilo anos 20, bem como na tiara de folhas em prata.

A própria roupa de montar a cavalo sofre uma evolução. Nas primeiras temporadas, Lady Mary monta de saia comprida e, se repararem, vai com as duas pernas para o mesmo lado. Nos últimos episódios, já aparece de calças e botas de montar e a posição em cima do cavalo passa a ser a que conhecemos hoje em dia como "normal".


Não sei se ficaram com vontade de assistir Downton Abbey. Mesmo que eu não tenha conseguido contagiar-vos, dêem-lhe uma oportunidade e avaliem por vocês mesmos. Estou convencida de que vão adorar.

E para quem já viu e é fã da série, não sei se já sabem, mas há rumores de que vai ser adaptada ao grande ecrã! 
Esperemos que sim! ;)

4 comentários:

  1. Sem dúvida uma das melhores séries de todos os tempos. Assisti a todas as temporadas e tenho pena que já tenha acabado.

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  2. Excelente resumo, Márcia.
    Acho que vou rever toda a série de uma ponta à outra :)
    Adoro esta "rubrica".

    Um beijinho,
    Bé Barbosa

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  3. Downton abbey é uma das minhas séries favoritas de todos os tempos e fiquei com imensa pena quando terminou :)

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  4. Eu amei essa série!!!
    O texto está maravilhoso. :)

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Muito obrigada pelo feedback!!