05/04/2017

GUILTY PLEASURE | SCANDAL



Bastou-me três ou quatro episódios para que SCANDAL entrasse directamente na categoria dos meus prazeres inconfessáveis. Bem, na verdade, de inconfessável não tem nada. Eu diria um prazer culpável do qual não consigo livrar-me. 

Dispensa apresentações. Se gostam de Anatomia de Grey, têm aqui uma forte candidata a fazer-vos as vossas delícias. Além disso, é da mesma autora, Shonda Rhimes, por aí já podem imaginar o que vos espera.






A história: Olivia Pope é uma ex-directora de comunicação da Casa Branca que decide criar o seu próprio gabinete especializado em gestão de crises. Os clientes são a poderosa elite de Washington cujos problemas - pessoais ou profissionais - a protagonista resolve com uma mestria que faria corar a CIA inteira.

Na sua equipa de gladiators, como eles de auto-apelidam - temos advogados, temos detectives, temos hackers, temos um ex-agente secreto que se encarrega de fazer o trabalho sujo. Eles não perguntam, actuam. Não questionam, obedecem. Saibam o que saibam, vejam o que vejam, eles guardam para si. Respeitam-se entre eles e não importa qual deles é o mais fora de lei - disso vamo-nos apercebendo lentamente. Para terem uma ideia, deixo um dos "chavões" de Huck, um dos gladiators com um passado mais complexo: "Se queres matar alguém com segurança, fá-lo tu próprio".




Resolução de escândalos à parte, o eixo central da série, e onde todos os caminhos vão dar, é o affair entre Olivia Pope e o próprio presidente dos EUA, Grant Thomas Fitzerald III, a quem ajudou a ser eleito. No meio desta paixão avassaladora, temos uma primeira-dama resignada mas com pretensões políticas bem vincadas (e qualquer semelhança com os Clinton não é coincidência). Uma mulher traída, por quem deveríamos sentir simpatia ou solidariedade, mas que os guionistas fazem tudo para que odiemos (pelo menos na primeira temporada, porque depois, a coisa muda de figura). 





Este é dos pontos curiosos: como é que os argumentistas se arranjam para que desculpemos deslizes e falhas éticas dos personagens, quando num mundo real tais acções seriam condenáveis. Mas para mim está aí a graça: para realidade, já temos a nossa. Por isso, deixem-nos sonhar!





Com SCANDAL Shonda Rhimes propõe-se, mais uma vez, a elevar ao máximo o nível "de agarre" a que já nos tem habituados com outras séries. Num ritmo alucinante, ela explora um JFK contemporâneo com a sua Marilyn, ela fala de uma mulher com mais poder e inteligência do que a CIA inteira (Olivia Pope), ela dá-nos escândalos, tentativas de assassinato, conspirações, fraudes eleitorais, ou seja, tudo ingredientes que nos fazem esquecer da qualidade duvidosa da série e nos faz querer devorar cada episódio com uma voracidade como eu nunca tinha sentido. São histórias que fogem muitas vezes de toda a lógica e coerência realista, onde todos os personagens cometem delitos de todo o tipo, alguns dos quais merecedores de pena de morte, mas que na série isso não importa nada. O que importa é que nós, telespectadores, quais carneiros adestrados, ficamos pegados ao ecrã mortinhos por saber qual o próximo trunfo que os guionistas vão tirar da manga.      





OLIVIA POPE

Bonita, poderosa, profissional, independente, ambiciosa e negra. Kerry Washington dá vida a este personagem que todos adoram, Olivia Pope, a primeira protagonista negra da televisão americana em quase 40 anos. E que ainda se torna num ícone de estilo. Tudo porque em cada capítulo Olivia Pope muda 20 vezes de roupa, um vestuário muito elogiado por aí fora mas que, na minha opinião, não é para tanto. Tirando os casacos e os vestidos de noite, que são de facto estonteantes, o resto do guarda-roupa parece-me aborrecido. O de SUITS dá-lhe 20 a 0 (vejam aqui).   




Olivia Pope veste quase sempre de cores neutras, adora um black and white, umas luvas até ao cotovelo e nunca dispensa uma boa mala XL, quase sempre Prada. Os casacos e os vestidos de gala são, de facto, a grande mais-valia no estilo da protagonista




Estilo à parte, Olivia é a alma, é fria mas tem o ponto fraco de cair de amores pelo presidente. Tem uma mente ágil, move-se com destreza entre interesses e desejos. Para ela, a palavra cliente é o final de qualquer dúvida. Não lhe importa quão baixo ou sujo seja o assunto a tratar, ela é a melhor e vai resolvê-lo. No entanto, ao longo dos capítulos vamos chegar facilmente a uma conclusão: mesmo que o teu trabalho seja resolver os problemas dos outros, assegura-te de que tens os teus sob controlo, não vá chegar uma Shonda Rhimes e construir uma história com isso. E das boas. 



"OLITZ" e Jake



Eu tenho de confessar. Esta é a razão pela qual estou completamente viciada em SCANDAL. A relação "quero-te aqui e agora" entre Olivia Pope e o presidente Fitzgerald. Uma relação com uma química brutal entre os actores, que passa por todo o tipo de fases, ainda que a maior parte das vezes tudo termine em cenas escaldantes num canto da Casa Branca, a escapar dos Serviços Secretos. Uma constante da série, e que não deixa de ser curioso, são os banhos de chuveiro do presidente com a primeira-dama, que despreza mas que o apoia, ou com a amante, que adora.

E o engraçado de tudo isto é imaginarmos semelhante pessoa a governar o país mais poderoso do mundo, quando a sua principal preocupação é estar com Olivia Pope, deixando para segundo plano crises mundiais e outros problemas "menos importantes", que é como quem diz. 

Mas falta aqui alguém, porque uma grande história de amor não estaria completa sem a outra ponta do triângulo. Aí está Jake, o agente secreto atraente que também venera, como não, a nossa protagonista. Há quem torça para os dois ficarem juntos, não é o meu caso, eu sou absolutamente team olitz. Está mais do que provado que a química entre os actores Kerry Washington e Tony Goldwyn é muito mais convincente, e olhando para eles nem parece que quase 20 anos os separam. Portanto, um grande GO para Olivia Pope e o presidente!  





Apesar de todas as debilidades da série - que são muitas - não podemos ignorar que SCANDAL é atraente, é complexa, é ambígua e é surpreendente. Para mim, incontestavelmente um prazer que me deixa alguma culpa mas, ainda, assim, um prazer. E dos prazeres só podemos retirar coisas boas!

O bom é que vai na sexta temporada e já está garantida uma sétima! 

2 comentários:

  1. Oh tu fazes isto para me colocares à prova! É que só pode.. Ando eu aqui numa luta interior e tu vens falar de Scandal detalhadamente.. OK. Ando super curiosa pela relação deles.
    Realmente o guarda roupa dela não parece nada de extraordinário quando comparado com suits..
    Quanto às séries da Shonda.. Anatomia de Grey foi a primeira série que segui afincadamente. Comprei DVDs e tudo. Chegou a um ponto que Já não se aguenta.. Voltas e mais voltas e pelo meio vários e acidentes e desgraças. Parece novela mexicana.. Anatomia de grey deixei de ver faz tempo. Isto para dizer que não me admira que scandal também vire novela..
    A cena dos duches em Scandal deve ser do género da tara que ela tinha pelas cenas no elevador em Anatomia de Grey.. Não sei, digo eu. Por agora ficará em stand by. Juro. Ahahah ;)

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    1. Ahahahah!! Estou a ver-te tão fã de Scandal!
      A Shonda Rhimes chegou a dizer que esta série não tem perfil para muitas temporadas (como Anatomina de Grey, da qual não sou fã!) mas tendo em conta como a coisa vai, ou como os cifrões se lhe têm apresentado, acho que estará lá perto. Eu espero que não, porque vai-se perder de certeza!Beijoo*

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