10/05/2017

O CÍRCULO E A FALTA DE PRIVACIDADE NAS NOSSAS VIDAS



Ontem à noite fomos ao cinema ver O Círculo, o novo filme de Emma Watson e Tom Hanks, que fala sobre os limites da era digital. Não sendo uma obra magistral, nem inovadora, até porque para isso já temos a série Black Mirror, valeu pela grande actuação de Tom Hanks, um autêntico Steve Jobs "demonizado", e pela reflexão a que nos propõe. 


Basicamente, temos o personagem de Emma Watson, Mae, a conseguir trabalho no O Círculo, uma das maiores e prestigiadas empresas tecnológicas do mundo, que possui um avançado sistema operativo capaz de armazenar todos os dados dos usuários. Imaginemos uma espécie de Google, mas com o valor acrescentado de incorporar numa mesma empresa funcionalidades como as que o Facebook, Youtube, Instagram, Whatsapp e Twitter nos oferecem. 

Até aqui tudo bem, nada de novo. No entanto, os limites da privacidade, a liberdade pessoal e a própria ética começam a ser redefinidos quando Mae é convidada pelo CEO da empresa, interpretado por Tom Hanks, a fazer parte de um projecto inovador que tem por objectivo criar uma comunidade transparente que partilha todas as suas experiências 24 horas por dia. Para isso, colocam-lhe ao peito umas micro-câmeras, outras tantas em sua casa, na dos pais, na dos amigos e, instantaneamente, vemos tudo o que se está a passar naquelas vidas. Mae torna-se um fenómeno e, o pior, é que quanto mais se embrenha nesta imersão tecnológica, mais se convence que a privacidade é um conceito egoísta e que esconder as nossas experiências pessoais é um delito para a sociedade. Portanto, vamos lá partilhar tudo, vamos expor tudo, vamos distanciar-nos cada vez mais da nossa família e dos nossos amigos.




Numa das lavagens cerebrais aos integrantes do O Círculo, Eamon Bailey (Tom Hanks), quase nos faz crer que esta transparência generalizada só pode trazer vantagens.


 Quando diz: "Saber é bom. Mas saber tudo é melhor". 

Ou quando pergunta: "Se soubessem que estavam a ser observados, portar-se-iam melhor do que se estivessem sozinhos?"



Apesar de não trazer propriamente nenhuma novidade, este filme fez-me sair da sala com um amargo de boca e a pensar sobre o que ando a fazer da minha vida. Já aqui escrevi sobre o saturada que ando desta escravidão digital, à qual ainda me vou submetendo por causa do blogue. Mas cada vez mais me convenço que isto que andamos a fazer não é normal. Tem as suas vantagens e estamos carecas de saber quais são, mas não é normal que toda a gente saiba onde está toda a gente (mesmo sem se conhecer), que saibamos para onde viajam, o que comem, onde vivem, como são as suas casas, como acordam, como adormecem... E ou muito me engano, ou parece-me que este fenómeno tem prazo de validade. Vai demorar, mas vai voltar o tempo em que será "cool" mantermos a nossa vida onde esta deve estar: na privacidade.



SERÁ?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigada pelo feedback!!